quinta-feira, 3 de julho de 2014

Governo Federal deve fortalecer agroecologia, diz secretário do MDA

01/07/2014 - 20h12
Resultados e perspectivas do Plano Brasil Agroecológico, lançado pelo Executivo no final do ano passado, foram discutidos em audiência pública na Câmara.
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Bianchini: é preciso diminuir o uso de agrotóxicos na produção brasileira.

Até 2015, o governo federal deve investir R$ 8,8 bilhões em programas de fortalecimento da agroecologia, informou o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Valter Bianchini, nesta terça-feira (1), na Câmara dos Deputados. Além disso, como parte do Plano Brasil Agroecológico, o Executivo pretende certificar 50 mil produtores de orgânicos e aumentar os programas de desenvolvimento de tecnologia para setor, disse o dirigente.

Segundo Bianchini, o País conta apenas com cerca de sete mil produtores com certificação, dos dez mil cadastrados. O governo também pretende promover a transição de 115 mil agricultores para agroecologia. Hoje, o Brasil tem 4,2 milhões de pequenas propriedades, com cerca de 12 milhões de trabalhadores.

O representante do MDA participou de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural para debater os resultados e perspectiva do plano, lançado pela presidente Dilma Rousseff no final do ano passado.

Conforme ressaltou Bianchini, o principal objetivo do programa é promover a transição da agricultura brasileira para o modelo mais ecológico. Ele destacou que, na realidade atual, são utilizados cinco litros de agrotóxicos per capita por ano no Brasil. “Esse é um recorde que não gostamos de ter”, declarou.

Investimentos
O secretário explicou ainda que serão feitas adaptações no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) já para esta safra. O especialista salientou que, para o setor, a taxa de juros cobrada será de 1% ao ano para todas as faixas de investimento. “São as menores mesmo dentro do Pronaf”, sustentou.

Atualmente, para investimentos de até R$ 10 mil, a taxa já está em 1%, mas, acima desse limite, sobre para 2%. Dentro do Pronaf, a ideia do governo, segundo o secretário de agricultura familiar,é ofertar R$ 2,5 bilhões até 2015.

No âmbito do Plano Safra, projetos de até R$ 40 mil também terão taxas de 1%. Além disso, poderão ser utilizados recursos dos fundos constitucionais para financiar sistemas agroecológicos e assistência técnica por até três anos, prazo para estabilizar a produção.

Sementes
Outra ação prevista no Brasil Agroecológico é aquisição de sementes criolas e varietais de produtores familiares por instituições públicas. “O governo federal vai poder comprar até R$ 16 mil por agricultor, assim como órgãos públicos e governos estaduais parceiros”, explicou Bianchini.
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Luci Choinacki defendeu a importância do programa do governo para os pequenos produtores.

Para a deputada Luci Choinacki (PT-SC), autora do pedido de realização do debate, somente essa ação já representa uma grande conquista para os pequenos produtores. “Esse programa é importante, porque, às vezes, os agricultores produziam a semente e não tinha como vender”, comentou Luci, que é coordenadora da Frente Parlamentar Mista pelo Desenvolvimento da Agroecologia e Produção Orgânica.

O deputado Padre João (PT-MG) considera que “o maior problema hoje [dos agricultores] é o acesso à semente, pois estão todos reféns de umas seis empresas no mundo”.

Na avaliação dele, é preciso “devolver as sementes e com informação”, e essa política de governo vai dar tal suporte ao produtor. “É impossível falar de soberania sem resgate das sementes, das raízes”, completou.

Pesquisas
Valter Bianchini também acredita que até o final do ano a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) estará consolidada. Com isso, conforme com o secretário, vai se constituir um sistema integrado de desenvolvimento tecnológico e extensão, em parceria com a Embrapa e o sistema nacional de pesquisa e ensino.

Como parte desse trabalho, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vai financiar todos os grupos de pesquisas de universidades que queiram investigar o assunto. “O objetivo é ter projetos pilotos e redes de referência em todo o território nacional, com todas as propriedades beneficiadas pelo programa”, disse.

O diretor-executivo da Embrapa, Waldyr Stumpf Junior, explicou que a instituição já realiza uma série de trabalhos de acordo com as necessidades de cada região do País. “Temos um grande repositório de todas as sementes produzidas no Brasil: são mais de 140 mil tipos, além de animais e micro-organismos”, destacou.
Reportagem – Maria Neves
Edição – Marcelo Oliveira
Fonte: Agência Câmara de Notícias.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Carta Política do III ENA

Coordenada pela Rede Terra Sem Males, uma Caravana de Rondônia participou do encontro do III ENA em Juazeiro na Bahia.
banner ena-01“Cuidar da Terra, Alimentar a Saúde e Cultivar o Futuro”. Com este lema, o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) reuniu-se entre os dias 16 e 19 de maio de 2014 na cidade de Juazeiro-BA. Com o público de mais de 2.100 pessoas vindas de todos os estados brasileiros, fizeram-se representar trabalhadores e trabalhadoras do campo, portadores de diferentes identidades socioculturais (agricultores familiares, camponeses, extrativistas, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, ribeirinhos, faxinalenses, agricultores urbanos, geraizeiros, sertanejos, vazanteiros, quebradeiras de côco, catingueiros, criadores de fundos em pasto, seringueiros) , técnicos, pesquisadores, professores, extensionistas e estudantes, além de gestores convidados. Com a presença majoritária de trabalhadores e trabalhadoras rurais, nosso encontro alcançou participação paritária entre homens e mulheres, contando também com expressiva participação das juventudes.

 A fase preparatória com as 14 Caravanas Agroecológicas e Culturais e o III ENA produziram claras evidências da abrangência nacional que assume hoje a agroecologia em todos os biomas brasileiros como referência para a construção de caminhos alternativos aos padrões atualmente dominantes de desenvolvimento rural impostos pelo agronegócio. Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras do campo incorporam a proposta agroecológica como caminho para a revalorização do diversificado patrimônio de saberes e práticas de gestão social dos bens comuns e de reafirmação do papel da produção de base familiar como provedora de alimentos para a sociedade.
No III ENA pudemos constatar que a incorporação do enfoque agroecológico é também expressão da resistência da produção camponesa e familiar às crescentes pressões sobre ela exercidas pela ocupação de seus territórios pelo agronegócio e pelos grandes projetos de infraestrutura e de exploração mineral. Na análise que realizamos sobre os conflitos territoriais que se intensificaram nos últimos 15 anos, com o favorecimento das políticas públicas à expansão do grande capital no campo, constatamos que ao resistir em seus lugares de vida e produção, a agricultura familiar camponesa e os povos tradicionais produzem respostas consistentes e diversificadas para críticas questões que desafiam o futuro de toda a sociedade.
Reforma agrária e reconhecimento dos territórios dos povos e comunidades tradicionais, a afirmação da nossa sociobiodiversidade, conflitos e injustiças ambientais, agrotóxicos e seus impactos na saúde, acesso e gestão das águas, articulação ensino, pesquisa e ater, educação no campo, sementes da diversidade, abastecimento e construção social de mercados, normas sanitárias, financiamento e agroecologia, plantas medicinais, agricultura urbana, e comunicação, foram alguns dos temas abordados.
Ao realizar com êxito o III ENA no Ano Internacional da Agricultura Familiar Camponesa e Indígena, reafirmamos nosso compromisso e nossa disposição de luta pela transformação da ordem dominante nos sistemas agroalimentares, apontando a agroecologia como o caminho que desde já se coloca como a única alternativa na disputa contra a violência imposta pelo agronegócio e outras expressões do grande capital sobre os territórios nos quais a agricultura familiar camponesa e povos e comunidades tradicionais vivem e produzem historicamente para alimentar o nosso povo numa sociedade organizada sobre bases democráticas e de respeito aos direitos da cidadania.

Veja na íntegra a Carta Política do III ENA. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Dez documentários que irão mudar suas ideias sobre alimentação

Eles debatem obesidade, uso descontrolado de agrotóxicos, crueldade com animais. E propõem encarar boa comida como parte essencial da cultura humana.


Por Constantino Oliveira, no Obvious
Acredito que o ser humano se condiciona a determinados hábitos para facilitar a sua vida diária na sociedade. Criamos rotinas, processos e conceitos sociais para vivermos de forma harmoniosa entre nossos pares e para usufruir de um convívio pacífico e prazeroso. Muito do que fazemos são heranças atávicas de como os nossos pais nos criaram e dos valores que nos foram passados durante a nossa infância. E essa cultura e seus valores estão impregnados no nosso inconsciente, fazendo com que nos comportemos de uma ou de outra maneira. De certa forma, agimos e tomamos decisões nas nossas vidas baseados em crenças e valores das quais não temos consciência e não discernimos.
Assim, a nossa relação com a comida é também exercida, na sua maior parte, de maneira inconsciente. A mesa não é apenas um local para nos abastecer nutritivamente, mas um local de convívio importante. Um local de encontros familiares ou encontro com os amigos. Também é um local para relaxar e se desligar do trabalho, seja sozinho, com uma boa conversa, ouvindo uma música ou um noticiário, ou assistindo à televisão. Nesse sentido, a comida é um elemento agregador e de apaziguamento interno.
A comida também serve como um refúgio psicológico contra o estresse. Para algumas pessoas, quanto mais estressados e ansiosos, maior o desejo de comer. Assim, a comida funciona com uma válvula de escape para as nossas frustrações diárias.
A nossa relação atávica e social com a comida não se refere só à forma em que nós comemos, mas, principalmente, ao que comemos. Desde pequeno, ouve-se que uma criança saudável é aquela gordinha e bochechuda. Já, na mais tenra idade, o indivíduo cria estereótipos que vão se perpetuar ao longo da sua vida. Um docinho como prêmio por ter comido todo o prato, um sorvete pelo mérito de alguma conquista, um lanche em uma franquia fastfood midiática, no final de semana, para sair da monotonia doméstica. Mensagens subliminares que vão sendo incorporadas a nossa percepção sobre alimentação e sobre a nossa relação com a comida.
Dessa forma, chegamos a práticas alimentares que destoam, verdadeiramente, do que o nosso corpo está apto a receber. Somos produtos daquilo que ingerimos, seja mental ou fisicamente, portanto aquilo que lemos, assistimos, ouvimos e comemos é causa, na razão direta, daquilo que nos tornamos. Devemos analisar o tipo de alimento que estamos ingerindo e repensar, distante dos nossos atavismos e das nossas conveniências sociais, o que é melhor para o nosso corpo. Hoje, 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam e, pela primeira vez, essa geração de crianças vem apresentando sintomas de doenças que só existiam anteriormente em adultos.
Longe de querer doutrinar ou propagar ideais vegetarianos ou de qualquer outra forma, penso que o dialogo, mais do que as disputas de filosofias e crenças pessoais, é extremamente relevante. Nunca fiz, nem acredito que regimes, em sua conotação estrita, funcione a longo prazo. Mas, creio que possamos melhorar nossos hábitos alimentares diários. Também entendo que não há uma “receita de bolo” para todos os indivíduos, mas acho que podemos tirar proveito da quantidade e qualidade (tem que filtrar muita coisa!) de informações que estão disponíveis nas livrarias, locadoras e na internet, e nos questionar sobre aquilo que realmente é importante para nós. Hoje, podemos agir melhor informados, diferentemente do que fomos “programados” a pensar durante a nossa vida, seja através da nossa cultura familiar, nossa cultura social, de uma cultura médica totalmente descompromissada ou das informações midiáticas da nossa indústria de alimentos. Podemos discernir melhor sobre o que é importante para uma criança e para um adulto ingerir.
Abaixo, segue a relação dos dez documentários que achei mais interessantes. Alguns desses documentários estão disponíveis nos seus próprios sites e outros se encontram facilmente no youtube ou por outros meios na internet. Boa sorte!
DOCUMENTÁRIOS
1. Muito além do Peso (Way Beyond Weight)
Pela primeira vez na história da raça humana, crianças apresentam sintomas de doenças que antes só existiam em adultos. Problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2. Todos têm em sua base a obesidade. Esse documentário discute por que boa parte das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem a indústria, o governo, os pais, as escolas e a publicidade. Com histórias reais e alarmantes, o filme promove uma discussão sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo.

2. A Carne é Fraca
Esse documentário mostra aspectos da indústria da carne de aves e gado que normalmente não são divulgados. Através de depoimentos de técnicos ambientais, médicos, pediatras e de jornalistas, ele nos possibilita entender a realidade de como e por que comemos.

3. Terráqueos (Earthlings)
Talvez, desta lista, é o documentário contém as imagens mais impactantes sobre como os animais são tratados até chegarem ao nosso prato. É um documentário sobre a absoluta dependência da humanidade em relação aos animais (para estimação, alimentação, vestuário, diversão e desenvolvimento científico).

4. Forks over Knives (Garfos ao invés de Facas)
Esse documentário talvez seja o que traga o maior número de dados substanciais para a mudança de um novo paradigma alimentar. Apesar dos avanços das tecnologias médicas, o ser humano se encontra cada dia mais doente. Cerca de 50% da população dos EUA toma, ao menos, um remédio receitado e as cirurgias de grande porte viraram rotina. Doença cardíaca, câncer e AVC são as três principais causas de morte no país, mesmo gastando-se bilhões anualmente para combatê-las. Os dados científicos mostrados nesse documentário são impactantes e instigantes.
5. Meet the Truth – Uma Verdade Mais que Inconveniente
Meat the Truth é um documentário que fala sobre o porquê tem se ignorado, repetidamente, uma das mais importantes causas da mudança climática no mundo: a pecuária intensiva. O documentário demonstra com dados estatísticos que a criação de gado gera mais emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo que todos os carros, caminhões, trens, barcos e aviões somados. O título é uma provocação ao documentário de Al Gore e o porquê do ex-vice-presidente dos EUA não mencionar coisa alguma sobre o dano ecológico da pecuária intensiva no seu filme.

6. Food Matters (O Alimento é Importante)
Esse documentário é extremamente provocativo sobre diferentes aspectos dos nossos hábitos alimentares. Ele é contrário ao argumento da medicina moderna de que existe uma pílula para cada doença (a pill for every ill). Esse filme propõe educação e não medicação como uma forma de melhorar a vida do indivíduo.

7. Food Inc (Comida S/A)
O documentário concorreu ao Oscar em 2010. É um filme que traça muito bem o perfil sobre como são criados e abatidos os animais pela indústria de carnes, utilizando de excessos de hormônios e antibióticos. Através de entrevistas com pessoas que mudaram seus hábitos alimentares, ele também aponta possíveis soluções.

8. Planeat
O documentário fala da historia de três homens que dedicaram as suas vidas para descobertas de uma dieta alimentar que seria a mais indicada para o ser humano. Ele apresenta uma variedade de alimentos que são verdadeiramente importantes para a saúde e o meio ambiente. Esse documentário serviu de “matéria-prima” para o filme Forks over Knives.
9. Hungry for Change (Faminto por Mudança)
Dos mesmos diretores e produtores de “Food Matters”, esse é mais um filme que, de forma bem orquestrada, dá importantes argumentos para mudança de hábitos alimentares. Esse documentário mostra que, nós educando sobre o que se come e de onde vem a comida, nos podemos ter o controle da nossa aparência, da nossa saúde e da nossa vida.
10. Fat, Sick & Nearly Dead (Gordo, Doente & Quase Morto)
Finalizo essa seleção com um documentário leve, mas inspirador. O documentário fala da saga de alguns personagens que, através da mudança de hábitos e da alimentação, conseguiram mudar as suas vidas e contornar doenças físicas e emocionais.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Aumentou o uso de agrotóxicos em Rondônia

Rondônia apresenta aumento de recolhimento de embalagens de agrotóxicos
O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos (InpEV) informou que, entre janeiro e julho deste ano, foram recolhidos 136.104 quilos de embalagens vazias de agrotóxicos em Rondônia. No mesmo período de 2012, foram devolvidos 110.340 quilos de embalagens. A expectativa é que a retirada de embalagens vazias continue aumentando, acompanhando a evolução da agricultura e contribuindo com a limpeza do meio ambiente.
 
Atualmente, Rondônia possui 13 postos de recolhimento de embalagens e a Central em Cacoal, número insuficiente para atender a demanda de devolução destes vasilhames. Então para facilitar a entrega, órgãos estaduais e entidades têm realizado coletas volantes com frequência no Estado. As coletas itinerantes atendem um número elevado de produtores rurais de localidades distantes dos postos, evitam o descarte incorreto e diminuem o risco de contaminação das pessoas e do meio ambiente.

Embora o Estado tenha apresentado aumento na devolução de embalagens vazias de agrotóxicos, ainda há um grande desafio a ser vencido: a entrega de embalagens com a tríplice lavagem, prática que proporciona economia do produto e possibilita a reciclagem do vasilhame.

Na última reunião do Grupo de Trabalho que discute sobre agrotóxico, foi abordado sobre a necessidade de ações para a conscientização do produtor rural quanto ao uso correto de defensivos agrícolas e importância da devolução das embalagens devidamente lavadas. A gerente de Defesa Vegetal da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), Rachel Barbosa, ressalta que a Agência vem desenvolvendo trabalhos de orientação e de educação sanitária, atingindo produtores de todo o Estado.

Nesta mesma reunião, os parceiros definiram ações para diminuir o número de recolhimento de embalagens contaminadas; regras para as coletas volantes, como o estabelecimento de datas em acordo dos órgãos e associações de revendas, com presenças de fiscal da Idaron e de funcionários da Associação para a emissão de recibo e inspeção das embalagens; encaminhamento mensal à Agência de listagem de agricultores que devolvem as embalagens laváveis não lavadas; e, execução de atividades de educação sanitária, com entrega de folhetos e realização de reuniões, dias de campo e treinamentos de funcionários de fazendas.

“O produtor rural de Rondônia já está consciente do seu dever de devolver a embalagem, mas também é preciso realizar a tríplice lavagem antes de entregar”, diz o presidente da Idaron, Marcelo Henrique Borges. Ele diz também que as coletas volantes são bons exemplos de cooperação entre entidades. “Estas ações sempre são realizadas em parceria de órgãos do Estado, dos municípios e das associações de revendas de agrotóxico e de produtores rurais. É assim que nosso governador quer que a gente trabalhe”.

Texto: Amabile Casarin
Foto: Arquivo Idaron
Fonte: Assessoria Idaron

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O PROJETO TERRA SEM MALES

O Projeto Terra Sem Males foi concluído junto com as famílias e não tinha como ser diferente pois o mesmo só veio contribuir para que a CPT pudesse realizar  mais uma etapa de sua missão e de seus sonhos de  acompanhar e apoiar um grupo de famílias  de vários municípios  em Rondônia. Famílias que também alimentavam a vontade de desenvolver experiências em agroecologia.  Acreditamos que os objetivos e expectativas do projeto foram alcançadas, ajudar as famílias e já preparando-as para  seguirem caminhado com autonomia sua experiência produtiva.

Um projeto como este tem que ter como intenção provocar mudanças de mentalidade, mudança cultural. Somos conscientes de que o modelo de produção do agronegócio investe pesado em propaganda do seu jeito de pensar o campo brasileiro como; monocultivo, uso de agrotóxicos, e toda forma de desrespeito a natureza.

Despolpadeira construída por famílias do PTSM
no Vale do Paraíso RO
É visível a mudança no comportamento das famílias que atuaram no projeto. Houve neste período um processo coletivo de reeducação em dimensões fundamentais para uma vida mais saudável, especialmente no que diz respeito a forma de plantar e de lidar com a terra, na alimentação, na diversificação da plantação e o resgate da a participação efetiva da família  nos projetos de produção da propriedade.
Em nome de tudo que aprendemos juntos, essa nova consciência que também temos adquirido durante esse tempo do Projeto Terra sem Males, esse resgate cultural nos convenceu de que precisamos produzir nossa própria alimentação e com essa prática superar a ilusão de que a solução para o campo é o monocultivo, especialmente do gado em nossa região e também contribui com a independência financeira das famílias porque diminui essa terrível dependência do mercado.

Precisamos continuar preparando tudo isso para outras famílias, continuar com visitas, encontros para trocas de experiência, para que não se perca esta caminhada que foi tão importante na vida de tantas pessoas.  A Comissão Pastoral da Terra se compromete em continuar acompanhando e tentando viabilizar novos projetos para que para novas famílias mesmo porque entendemos o quanto é inviável o projeto do agronegócio para os pequenos agricultores e para a sociedade em geral, especialmente na Amazônia.


José Pinto de Lima

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Comitê Estadual da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos realiza Seminário.


Seminário debateu perigo dos agrotóxicos na alimentação humana. foto diário amazonia

Com o tema: Desafios e alternativas na luta contra os agrotóxicos e com Assessoria do Prof. Dr. Wanderlei Pignati da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria de várias entidades e organizações, o comitê Estadual da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos. Realiza seminário. Realização: Via Campesina (MST, MPA, MAB, CPT, CIMI) Projeto Pe. Ezequiel/Diocese de Ji-Paraná; Rede de Agroecologia “Terra Sem Males”; UNIR; IFRO; RECID; CEREST; CEPLAC

Seminário estadual debate os perigos do uso de agrotóxico
O Comitê Estadual da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida realizou nos dias 17 e 18, no Centro Diocesano de Formação-CDF de Ji-Paraná, um seminário para discutir a problemática do uso de agrotóxicos, especialmente seus impactos na saúde da população. Esteve presente o professor Wanderlei Pignati, médico e pesquisador pela UFMT. Ele foi o coordenador da pesquisa realizada com apoio da Fiocruz em Lucas do Rio Verde, cujo resultado ficou conhecido nacionalmente pela constatação de contaminação até do leite materno.
Na noite do dia 18, houve o lançamento do documentário “Nuvens de Veneno”, seguido de debate com o pesquisador Pignati no auditório do prédio A do Ceulji-ULBRA. E no dia 19, professores e alunos do Ifro-Instituto Federal de Rondônia, também receberam o professor para palestra e discussão sobre o tema.(continua)


Impactos do uso de agrotóxicos
O Brasil é o campeão mundial no consumo de agrotóxicos. Mais de um bilhão de litros são despejados todos os anos em nossas lavouras. Nos últimos 40 anos houve um aumento de 700% no uso destes produtos químicos, enquanto que a área agrícola aumentou apenas 78% no mesmo período.
O principal problema dos agrotóxicos é a intoxicação, tanto do homem quanto dos animais e do meio ambiente.

Impacto na saúde humana
A Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, publicou um dossiê que reúne resultados de diversas pesquisas feitas no Brasil avaliando os efeitos dos agrotóxicos sobre o meio ambiente e a saúde humana. O dossiê aponta que 14 agrotóxicos vendidos no Brasil já estão proibidos em outros países porque são suspeitos de causar danos neurológicos, mutação de genes, doenças crônicas, dermatite, desregulamentação endócrina, neurotoxidade retardada, efeitos sobre o sistema imunológico, doença do fígado e câncer.

Estudos estimam que aproximadamente 25 milhões de trabalhadores agrícolas de países pobres sofram com algum tipo de intoxicação causada por exposição a agrotóxicos. Entre 2000 e 2006, os agricultores brasileiros tiveram uma maior incidência proporcional de câncer do que a população urbana, foi o que mostrou a pesquisa realizada por Raquel Maria Rigotto, integrante do Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará.
Para as grávidas, o risco é maior. Pesquisadores apontam para as fortes evidências que ligam o contato com pesticidas a problemas durante a gestação, como problemas de desenvolvimento neurológico, defeitos de nascença, diminuição do tempo de gestação, pouco peso do bebê e a morte de fetos.
Cremilda Augusta, agricultora familiar camponesa do município de Espigão d’Oeste, estava grávida de 3 meses quando sofreu um aborto depois de passar por uma pastagem onde havia sido aplicado um pesticida. Desde então, adotou o sistema de produção agroecológico.

Impacto ambiental
Além da contaminação do solo, de lençóis freáticos, rios e lagos, o uso de agrotóxicos contribui para o empobrecimento do solo e para o surgimento de pragas progressivamente mais fortes. Outros problemas são a diminuição do número de abelhas polinizadoras e a destruição do habitat de pássaros em ambientes onde pesticidas são utilizados.

Em pratos limpos
Há 25 anos o Projeto Padre Ezequiel, um dos componentes do Comitê contra os Agrotóxicos e pela Vida, vem orientando agricultores familiares camponeses do estado de Rondônia para o modo de produção agrícola agroecológica que se refere não apenas à não utilização dos agrotóxicos, mas, à correta utilização dos recursos dos ecossistemas, de forma que combinem diversificação e rotatividade de produtos adequados e naturais ao bioma amazônico.
“Este sistema, possibilita a produção em harmonia com o meio ambiente, garante a segurança alimentar, o aumento da renda e o estabelecimento das famílias na terra”, afirma o coordenador do Projeto Padre Ezequiel, José Aparecido de Oliveira.

A solidariedade contra o privilégio
O apelo por alimento “saudável" já fisga sete entre dez brasileiros, segundo pesquisa de hábitos de compra feito pela transnacional Nielsen. De todos os gastos feitos por famílias das classes A e B, 30% são com orgânicos. 
“Os varejistas estão se aproveitando deste nicho de mercado e vendendo o produto orgânico como produto da moda. Como tem quem pague, continuam praticando preço alto”, desabafa o agricultor familiar Ananias Andrade, do assentado de reforma agrária do município de Mirante da Serra
Desafiando esta lógica de mercado agricultores familiares camponeses estão comercializando seus produtos em feiras que acontecem semanalmente em 16 municípios do estado de Rondônia. Vendem uma grande variedade de produtos por preços justos e acessíveis a todos. “Assim como nos preocupamos em produzir com qualidade para nossas famílias também nos preocupamos com a comunidade.”, explica o agricultor Carlos Alves, de Mirante da Serra.
“Através da prática agroecológica buscamos estimular uma nova forma de comercializar a produção dos agricultores camponeses. Sem explorar o outro, sem querer levar vantagem. Isto fortalece os grupos através da cooperação e da busca pelo bem comum”, ressalta o coordenador do Setor Agrícola do Projeto Padre Ezequiel, Francisco de Assis

domingo, 29 de setembro de 2013

Agroecologia em Alta Floresta do Oeste, Rondônia.

Reproduzimos matéria de Rondonianews sobre Dia de Campo organizado pela Seagri e Emater em Alta Floresta do Oeste, Rondõnia, com palestras de Inelde Vendruscolo, que era das famílias atendidas pelo Projeto Terra Sem Males, e o seu filho Ronaldo Vendruscolo, agrônomo que atualmente coordena o projeto de agroecologia da Igreja Luterana em Cacoal. 

PRODUÇÃO ORGÂNICA É TEMA DE DIA DE CAMPO EM ALTA FLORESTA
Esta foi a primeira etapa do Dia de Campo. No dia 24 de outubro acontece a segunda etapa com apresentação conclusão dos trabalhos práticos.

Um número considerável de produtores rurais e feirantes do município de Alta Floresta participou do Dia de Campo sobre horta caseira orgânica, realizado nesta quinta-feira (26), na Linha 42,5, Km-1, na propriedade do casal de agricultores Lúcio e Sônia Michels. O evento foi idealizado pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura (SEAGRI), em parceria com a Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (EMATER), Secretaria Municipal de Agricultura (SEMAGRI), Idaron e Câmara Municipal de Vereadores de Alta Floresta.


O gerente do escritório da Emater de Alta Floresta, Paulo Herinque, o secretário adjunto de Agricultura do município, Alisson de Paula, o vereador Edmar Boldt (PSB), o fiscal estadual agropecuário da Idaron, engenheiro agrônomo Ernesto Antônio Moraes, e demais técnicos da Emater, Semagri e Idaron participaram da abertura do evento que contou com palestras ministradas pela agricultora Inelde Vendrusculo e o graduando em agronomia, Rodrigo Vendrusculo.
Esta foi a primeira etapa do Dia de Campo. No dia 24 de outubro acontece a segunda etapa com apresentação conclusão dos trabalhos práticos.
Neste primeiro evento, Ernesto Antônio falou da agência Idaron que tem o trabalho de fiscalizar, mas o intuito maior é a educação sanitária.
Alisson de Paula frisou a importância do tema que trabalha o respeito do produtores com o consumidor. “Estamos visando um trabalho sem agredir o consumidor”, disse o secretário.




Para Paulo Henrique, o mais importante do evento é a educação alimentar. Conhecer técnicas, discutir o tema, a importância da produção orgânica e os malefícios do uso de agrotóxicos. “Temos uma recomendação do Ministério Público quanto ao uso excessivo de agrotóxicos no município” esclareceu.

Durante o Dia de Campo foram abordados temas como a agroecologia, o preparo do solo, biofertilizantes, os malefícios dos agrotóxicos e o uso abusivo.