terça-feira, 16 de outubro de 2012

Consumo consciente de alimentos


Mostra de alimentos orgânicos produzidos pelas famílias do Projeto Terra sem Males.

A organização de desenvolvimento Oxfam reúne recomendações práticas em cinco tópicos de atuação para que o consumidor possa ajudar a promover a sustentabilidade no campo e na mesa da cozinha. Entre eles o apoio ao pequeno produtor, como comprar do comercio justo e da economia solidária, comprar alimentos na feira ecológica, e valorizar quem produz.
Não é fácil ser consumidor em tempos de sustentabilidade. São muitas as implicações de cada escolha e as alternativas nem sempre são evidentes. No terreno da alimentação, o elo do consumo se entende para impactos ambientais, comércio justo, inclusão social, saúde. Mas todo esse mosaico de relações está um pouco mais claro e prático neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, quando a Oxfam lança no Brasil o Desafio Cresça, parte da campanha internacional de mesmo nome.
Na página da campanha no Facebook (facebook.com/CampanhaCresca) o público encontrará o aplicativo do desafio que oferece diversas sugestões de medidas práticas, bem como receitas, informações sobre alimentos da terra e da estação, entre outros conteúdos permanentemente atualizados.

domingo, 14 de outubro de 2012

Proclamados os Prêmios Natureza Viva de agroecologia


Os alunos premidos pelo Natureza Viva do Vale do Guaporé. Foto cpt ro 
Dando continuidade ao Projeto Natureza Viva do Vale do Guaporé, neste sábado dia 13 de Outubro, foram proclamados os doze vencedores do Prêmio Natureza Viva. Os prêmios foram proclamados durante a Assembleia da Associação da EFAVALE, com presença de pais alunos e quadro técnico da escola.
O prêmio Natureza Viva foi criado pela CPT RO com apoio da Conferência Episcopal Italiana (CEI) e pretende incentivar a permanência da juventude no campo. Os prêmios foram convocados para os alunos da Escola Família Agrícola do vale do Guaporé (ECOVALE), e serão beneficiadas onze famílias dos alunos que estudam terceiro e quarto ano na escola. 
Os participantes, procedentes dos municípios de São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé e Costa Marques,  apresentaram doze projetos em linha agroecológica, que os Prêmios Natureza Viva ajudaram a levar na prática, ajudando na compra do material necessário, por valor de até R$ 2.500 por aluno premiado. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Camponeses realizam oficina de agroecologia



Agricultores realizam aprendizagem prática de compostagem. Foto cpt ro

A oficina de agroecologia. Arredor de 45 pequenos agricultores de Rondônia, se reuniram em Ouro Preto do Oeste os dias 02, 03 e 04 de outubro de 2012 convocados pela CPT RO para realizar uma Oficina de Agroecologia do Projeto Terra Sem Males. O curso teve a assessoria de diversos técnicos e também de diversos agricultores que trabalham na linha agroecológica faz anos
Esta oficina e as famílias do Projeto Terra Sem Males tem contado com financiamento da CAFOD, entidade da Igreja Católica inglesa, para mais de sete anos assistência técnica em linha agroecológica. Está previsto o encerramento do projeto para os próximos meses. As famílias continuam desenvolvendo o seu trabalho em linha agroecológica recebendo o apoio de diversas entidades, como o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), do Projeto Padre Ezequiel, da Diocese de Ji Paraná, que desde o começo formou parte do Terra sem Males, e de novos projetos surgidos por inspiração dele, como o Natureza Viva do Vale do Guaporé, e o Projeto PROASA, da Igreja Luterana no Brasil.
Entre os objetivos da oficina, que se realizou no espaço paroquial da Igreja Nossa Senhora Aparecida de Ouro Preto do Oeste, estava orientar a CPT RO para a continuidade do trabalho em linha agroecológica.





Participantes da oficina de agroecologia em Ouro Preto do Oeste RO. Foto cpt 
Participantes
Dentre os 45 participantes, com 18 mulheres e 8 jovens, procedentes da região de Vilhena e Chupinguaia, do Vale do Anari, da Vila do Rio Pardo, da região de Porto Velho, como o assentamento Joana D’ Arc, e PAF Curuqueté e do assentamento Flor do Amazonas, em Candeias do Jamari, e onde conseguiram o empréstimo duma van pelo território do MDA.
Mais tarde os experientes técnicos da CEPLAC Francisco Antônio Nerto e João da Cruz e Jurandy Mesquita da EMATER, e outros agricultores experientes como José Silva, do Projeto Natureza Viva de São Miguel, e o agricultor de Teixerópolis, Enrique que repassou a sua grande experiência e conhecimento na aplicação da homeopatia para a saúde das pessoas, prantas, animais e solo do campo.
Muito importante foi o testemunho e orientação de dois representantes das famílias do Projeto Terra Sem Males: Américo e Márcio de Mirante da Serra. Também do agricultor José Silva, de São Miguel do Guaporé, do projeto Natureza Viva.
Assim como diversos agentes da CPT, entre eles coordenando do encontro, Zé Pinto, artista reconhecido com diversos CDs publicados, e também agricultor na linha agroecológica.



Fogo, seca e terra degradada foram alguns dos problemas
destacados da agricultura de Rondônia. Foto cpt ro 


Os problemas dos agricultores para a sobrevivência na terra.

O evento valorizou o intercâmbio de experiência dos agricultores presentes, interessados em conhecer a agroecologia, tanto na realização de novas práticas agroecológicas, como na detecção dos problemas atuais que atingem os agricultores de Rondônia.

Foi realizado um levantamento dos problemas, tanto no quadro jurídico e político, como na organização interna camponesa, na produção e nos procedimentos após a colheita. Dentre os problemas apresentados, foram selecionadas as seguentes prioridades para atuação da CPT RO na missão de apoiar a sobrevivência na terra:


Principais problemas onde agir: 
1 - Falso modelo desenvolvimento, provocando a divisão e enfraquecimento das organizações camponesas.
2 - Uso de veneno.

3 - Seca e escassez de água.

4 - Dificuldade da educação no campo e perda da cultura própria (músicas, festas, etc.)
5 - Redução florestas, derrubadas, destruição de lavouras pelo fogo e queimadas.
6 - Acidez e degradação da terra.
7 - Incidência de pragas (plantas e insetos).
8 - Dificuldades de comercialização, transporte, qualidade produtos.
9 - Dificuldades para receber orientação técnica em linha agroecológica. 






Fica surpreendente em plena Amazônia os agricultores citar problemas com a seca e escassez de água como um dos seus principais problemas, além de outros mais conhecidos, como a degradação da terra, a destruição de lavouras pelo fogo., e o uso de veneno (agrotóxicos) com as prantas como os animais




Um velho lema que continua sendo atual. foto cpt ro

As místicas

Com presença ecumênica de camponeses católicos e evangélicos de diversas denominações (assembléia de Deus e batista), as místicas tiveram como inspiração bíblica a leitura do Êxodo, com o chamado de Javé a Moisés para tirar o povo da escravidão, Também o mito indígena da Terra sem Males serviu de inspiração pra a oficina,  assim como o evangelho das bem-aventuranças, para o dia 04 de outubro, festa de São Francisco, padroeiro da ecologia. Também não faltou a animação das sempre inspiradores e comprometidas músicas de Zé Pinto, assim como do presbítero evangélico Paulo Rocha, de Vilhena.




José Silva, agricultor de São Miguel do Guaporé,

apresentando sua experiência em linha agroecológica. foto cpt ro
Testemunho de camponeses.
Importante foi o testemunho prático dos agricultores familiares que já faz mais anos que trabalham em linha agroecológica, como José Silva, de São Miguel do Guaporé, Alexsandro, conselheiro da CPT RO e membro do Projeto Mapinguari, do Vale do Paraíso,  e Américo Onofre da Costa e Márcio Ferreira de Araújo, de Mirante da Serra, repassaram a experiência própria na aplicação dos princípios da agroecologia nas suas propriedades, os avanços, dificuldades e resultados obtidos na próprias famílias.

Hoje eles não somente trabalham na sua propriedade, mas tem se convertido em divulgadores da agroecologia, até junto as comunidades quilombolas e indígenas, como no caso do Zé Silva. E posteriormente continuaram participando do encontro e oferecendo sua experiência.

Nos desculpando por não ter anotações dos relatos dos outros companheiros, recolhemos para a memória, o testemunho do Márcio, agricultor do Terra Sem Males de Mirante da Serra.



Experiência no Assentamento Padre Ezequiel.

Assim Márcio relatou a experiência da luta para criar o Assentamento Padre Ezequiel Ramin, de 200 famílias, onde após dura luta para conseguir a terra, decidiram deixar a reserva do assentamento em bloco de 3.500 hectares de floresta. Que hoje sofre com problema de invasão de pesca, caça furtiva e madeireiros. 
No sítio dele, como muitos, investiu inicialmente em lavouras de café e cacau, com ampliação e diversificação. Não faz muito foi dos iniciadores da feira agroecológica em Mirante da Serra, com 22 famílias do município ligadas ao assentamento, ao MPA e outros do município. Vendem os produtos até 20% mais barato com caixa único. 
No assentamento predomina a cultura de gado por culpa dos financiamentos, que forçaram esta linha de crédito. Tem bastante uso de veneno e de adubos químicos. O desmatamento já provocou este ano o secamento do principal rio do assentamento, ainda mais prejudicado com a construção de tanques para criação de peixes, com máquinas recebidas do próprio governo..
A falecida irmã Maristela começou com a CPT o trabalho de agroecologia e sem veneno. Ele foi convidado para o Projeto Terra Sem Males. Assim ele foi diversificando com produção de café, cacau, feira, porco, galinhas. Faz pouco conseguiu começas a venda de sementes florestais da propriedade (bandarra, emburana,...), mudas de pupunha. Hoje ainda conserva 60% de mata nativa. 
"Continuam os desafios, porém ninguém consegue resolver os problemas sozinhos. O trabalho coletivo acaba nos fortalecendo, diante do sistema muito maior".
Um dos participantes do Assentamento Joana d' Arc relatou uma experiência para preparação de ração para peixe, que deixou muitos participantes mais interessados em conhecer.
Preservação de sementes crioulas. Foto projeto terra sem males
Os Princípios da Agroecologia.
O técnico da CEPLAC de Ouro Preto do Oeste Francisco Antônio Neto repassou os princípios da "Agroecologia e Agricultura Familiar no Brasil: desafios para a pesquisa", a partir do trabalho da pesquisadora Maristela Simões do Carmo. Para a agroecologia a Terra é local de trabalho e vida (e não um fator de produção), a terra é nosso lar. Para isso é preciso entender o funcionamento dos ecossistemas naturais, e revalorizamos os conhecimentos e capacidades dos agricultores, que são os únicos que podem  criar os modernos sistemas agrários sustentáveis. A Agricultura Familiar é o local ideal para estas transformações agroecológicas. Com área total apenas de 24,3%, a agricultura familiar ocupa 4.367.902 estabelecimentos agrícolas do Brasil, um total de 84,4% das propriedades, dando trabalho a 12,3 milhões de pessoas (74,4 % da ocupação agrícola), segundo o censo do IBGE de 2006. E produz o 38% do valor bruto da produção. Porém produz quase o dobro por hectare e a  maior parte de alimentos (como a mandioca e o feijão, carne de porco, de aves e de leite) consumidos no Brasil gera vendas no Brasil por valor de R$677 por hectare de terra, 89% superior aos R$358/ha da Agricultura não Familiar.



O técnico das CEPLAC Francisco Antônio Neto

mostrando a preparação da compostagem. foto cpt ro
Experiência prática de compostagem para adubo orgânico.

Neto preparou todo material e mostrou também na prática como realizar compostagem para formação de adubo orgânico, sendo construído entre todos uma compostagem no próprio local. Posteriormente ele continuou acompanhando toda a oficina, oferecendo a sua grande experiência e conhecimento.



Os impactos dos agrotóxicos.

Já o Dr. João das Cruz Silva impactou os presentes com a palestra sobre os "Impactos dos agrotóxicos na agricultura, no meio ambiente e na Saúde Humana". Assim ele relatou o processo histórico de uso de venenos, a partir do aproveitamento na agricultura dos estoques sobrantes de armas químicas utilizadas na guerra mundial. O resultado é que após vinte anos de comer alimentos com pequenas doses de veneno, 20%o da população que como o tipo de comida ocidental passa a morrer de câncer  derrame, diabete ou infarto provocado pelos tóxicos que contém  a própria alimentação.

Após detalhar os tipos de veneno, os seus efeitos na administração em pequenas doses todo dia, chegou aos seguintes advertências para os presentes:



  • 1 - Você vai ter que mudar mesmo, parando de comer esta comida envenenada.
  • 2 - Fazer exame da barriga, onde desenvolvem 80% dos cânceres.
  • 3 - Acrescentar alimentação antioxidante na dieta.


Como exemplo destes antioxidantes repassou a receita de preparação do shoyu caseiro, ou molho de feijão da Xina:  Utilizando óleo de soja verdadeiro (escuro) e não o comercializado habitualmente, que contem como solvente químico o perigoso Hexano. É principalmente por cause dele nos óleos que as frituras são prejudiciais para a saúde. Citando um conhecido livro médico de sucesso, recomendou "não acordar o câncer que dorme em você". Para isso os antioxidantes, como o mastruz, a taioba, a capeba e outros têm um poderoso efeito.

O Dr. João da Cruz, da Ceplac de Jaru,

ministrando palestra sobre os agrotóxicos. Foto cpt ro
Nesta visão sobre os alimentos comercializados, com usos diário de pequenas doses de agrotóxicos e conservantes, os supermercados passam a ser a maior fonte de venenos para o pessoal da cidade. Assim o pessoal da cidade, que depende dos alimentos comercializados, não tem como fugir da morte.

Enquanto que a maioria dos milhares dos atendidos do hospital do câncer de Barretos são procedentes de Rondônia, ainda agricultores do interior. Não somente por causa de não usar alimentação própria, como pela aplicação intensiva dos agrotóxicos.

Entre outros alimentos prejudiciais citou o açúcar branco, que contém dióxido de enxofre, utilizado para embranquecimento do mesmo, provocando diabete e câncer no fígado. A carne tratada com sulfato de amônia, que está comprovado que provoca câncer de barriga, e que continua sendo usado apesar de proibido.

Contra estas práticas, João da Cruz citou a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos, que está sendo desenvolvida no Brasil inteiro, com um baixo assinado para que sejam proibidos pela lei os venenos mais tóxicos, que já foram proibidos na Europa e nos Estados Unidos e que continuam sendo autorizados no Brasil.

E animou a utilizar técnicas agroecológicas e alternativas de culturas que dispensam o uso de agrotóxicos, como o cacau agroecológico desenvolvido pela CEPLAC.
Prática de queima de ossos para suplementação de fósforo no gado. Foto cpt ro
Prática de queima de ossos.

Na parte da tarde foi realizada uma experiência prática de queima de ossos para elaboração de sais minerais para o gado. Os ossos antigos e ressecos de gado são amontoados e cobertos de palha de arroz como combustão, com um sistema de cheminé para a fumaça e que o fogo queime lentamente, sem chamas, porém sem apagar. Os ossos devem ficar queimando por horas, até ficar de cor cinzenta clara. As cinzas resultantes podem ser trituradas e utilizadas para acrescentar ao sal mineral preparado em casa. Com este tratamento o gado fica muito mais forte e tem resultados imediatos contra pragas como os carrapatos.

Tal vez por pressão dos vendedores de suplementos minerais comercializados para gado, alguns agricultores de Rondônia recentemente tiveram dificuldades com agentes do MAPA por esta prática, que tem suporte até em pesquisa oficial. Segundo a Embrapa, "A deficiência de fósforo (P) é generalizada no Brasil  e como esse é um componente caro da mistura mineral, há esforços freqüentes para buscar formas eficientes de suplementar fósforo". "Os fosfatos de cálcio naturais incluem as farinhas de ossos calcinadas e autoclavadas e os fosfatos de rocha (...) As farinhas de ossos são obtidas pelo tratamento de ossos (in natura ou parcialmente processados) pelo calor, desidratação e moagem. A calcinação é a queima completa dos ossos a 800ºC a 1.000ºC. A farinha de ossos autoclavada pode ser obtida por meio de esterilização por cocção a vapor sob pressão, e contém cerca de 7% de matéria orgânica. Entretanto, a utilização de farinha de osso autoclavada, como suplemento alimentar, encontra-se proibida por razões de saúde pública. 
Qual a diferença entre a farinha de ossos autoclavados e a farinha de ossos calcinados? Também segundo a Embrapa "a farinha de ossos autoclavados é obtida pelo cozimento dos ossos em vapor sob pressão, secada e triturada; a farinha de ossos calcinados é obtida pela queima e moagem dos ossos. Qualquer uma pode ser usada como suplemento de cálcio ou fósforo Em conseqüência do método de preparo, a farinha autoclavada tem também matéria proteica e gordurosa em sua composição, o que requer que seja bem seca e bem armazenada, para não mofar ou rancificar. Já a farinha calcinada não contém substâncias orgânicas e, portanto, é mais difícil de rancificar ou estragar no armazenamento".

O calendário lunar.



Capa do calendário lunar de 2012, do Instituto Biodinâmico de Botucatu, SP.
O técnico em agroecologia da Emater de Ji Paraná, Jurandy Batista de Mesquita foi um dos idealizadores do Projeto Terra sem Males e é grande colaborador da CPT RO fez a apresentação do Calendário Lunar. Este calendário recolhe a antiga tradição da influência dos astros, especialmente da lua, na agricultura. Por este motivo resulta importante para o camponês o "cultivo das plantas mediante o entendimento prévio dos impulsos lunares" , é dizer, a influência do conjunto de constelações diante das quais a Lua e todos os planetas desenvolvem suas órbitas. Assim a lua e os planetas ao desenvolver suas órbitas e passarem pelas constelações, ativam forças que  tem efeitos na terra e nas plantas. Estes conhecimentos não são de agora, porém eram tidos com pouco respeito. 
Em cambio hoje tem provocado o ressurgimento duma "astronomia agrícola", que entendendo a influência dos astros, está mudando o trabalho dos agricultores. 
Assim Jurandy explicou diversos conceitos básicos da astronomia agrícola, para entender as mudanças da lua e dos astros. E também para poder interpretar o calendário lunar, que o Instituto Biodinâmico de Botucatu (SP) publica todo ano com orientações práticas basadas nestes princípios, dando informação dia a dia sobre os momentos mais favoráveis para os trabalhos agrícolas, como o plantio de diversos tipos de vegetais e controle de pragas e doenças, tudo baseado nas influências dos astros.  Jurandy mostrou como exemplo as aplicações para o calendário lunar destes últimos meses de 2012. 

Henrique José de Oliveira repassando conhecimentos e experiência em homeopatia. Foto cp tor
A aplicação da homeopatia no campo.

Finalmente coube a um experiente agricultor e pesquisador, Henrique José de Oliveira, de Teixerópolis, a apresentação das aplicações da homeopatia para a agricultura e criação de animais. Baseou as explicações na experiência e repassou por escrito uma apostila do Grupo de Homeopatia na Agricultura Alternativa UEM,produzida pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor de Maringá PR.

Após umas noções básicas de homeopatia para os leigos no assunto, passou a explicar as aplicações na agricultura, que estão permitidas e reconhecidas legalmente na normativa de produção orgânica do Brasil. A homeopatia pode tratar da saúde humana e de todas as formas de vida. Assim trata-se com homeopatia a saúde dos animais, das prantas e do solo. Para a homeopatia, as doenças são resultado de desequilíbrios naturais, que podem ser tratados com doses mínimas de remédios. Os remédios homeopáticos podem ter como origem produtos animais, vegetais e minerais. Assim "na agricultura é comum, e com resultados excelentes, a aplicação de preparados homeopáticos feitos com o próprio agente causador do desequilíbrio".

Assim a conversa por mais de duas horas virou um intercâmbio constante de experiências práticas na preparação de remédios, e na aplicação dos mesmos, muitas vezes com intenções preventivas, como o preparo do solo para plantações. Inúmeras preguntas dos participantes, onde cada um colocava também sua experiência pessoal, converteu o final da oficina numa interessante troca coletiva de experiências e de conhecimentos.



Avaliação final.

Que bom. Foi destacada como positiva o fecundo intercâmbio de conhecimentos e experiências, algumas fantásticas  assim como o conhecimentos de novas pessoas, com boa integração do grupo, e ótimos palestrantes. Foi valorizada a participação dos agricultores mais experientes, como o Américo, o Márcio e  José Silva e o Alexsandro. Também foi bem valorizada a participação de técnicos governais da CEPLAC e a EMATER, puxando a participação governamental na agroecologia. Destacaram também as aulas práticas de compostagem, fabricação de sais minerais com ossos, e aplicação do calendário lunar, assim como a corajosa "propaganda negativa" dos produtos nocivos à saúde.

Que pena. Faltou a organização duma noite cultural, visitar alguma propriedade em linha agroecológica, também faltou tempo para aprofundar. Lástima que muitos não sabiam para trazer sementes, e que somente apareceu uma rapadura de produção agroecológica, sendo que a alimentação do encontro era totalmente convencional, com os problemas de venenos. Houve pouca participação das famílias do Projeto Terra Sem Males.

Que tal. Nos próximos encontros procurar a participação e testemunho do Coletivo do 14 de Agosto, e do Projeto Pe Ezequiel. Realizar encontros regionais nas comunidades, com mais participantes de cada lugar e menos despesa, com alimento agroecológico produzido por nós mesmos e cozinhado com fogão a lenha. Também surgiu a proposta de pelo menos uma vez por ano fazer um encontrão de agroecologia, como este; Procurar mais o governo participar e se envolver com estes encontros, indo atrás de técnicos para participar



Semente da árvore "pinga d' água"

que molha embaixo dela na época da seca. foto cpt ro
Troca de sementes

Finalmente houve uma troca de sementes crioulas, entre as que uns e outros tinham trazido, destacando as semente da árvore "pinga d' água", que fica pingando água embaixo dela na época da seca. O Zé Silva contou que fazia seis anos que tentava conseguir e finalmente achou com ajuda dos indígenas tupari da Área Indígena do Rio Branco.