domingo, 16 de dezembro de 2012

O Terra Sem Males no Fórum Mundial Social Panamazônico em Cobija

O Projeto Terra sem Males pela CPT RO organizou uma oficina de agroecologia no Fórum Social Mundial de Cobija, Bolívia, o passado dia 29 de Novembro de 2012. A oficina acolheu uns quarenta participantes, provenientes de diversos países. Aqui apresentamos o relatório elaborado.

 RELATÓRIO DA OFICINA DE TROCAS DE EXPERIÊNCIAS DE AGROECOLOGIA
VI FORUN PANAAMAZÔNICO
COBIJA-BO, 29 DE NOVEMBRO DE 2012.

Objetivo
 Realizar uma oficina de agroecologia, organizada pela CPT Rondônia através do Projeto Terra Sem Males, durante o VI Fórum Panaamazônico.

Objetivos Específicos
Valorizar e divulgar as experiências e práticas de agroecologia existentes; Fortalecer a agricultura familiar; Incentivar a produção agrícola sem uso de veneno.

Assuntos
Experiências de agroecologia que deram certos ou não e testemunho de agricultores familiares que já vem desenvolvendo essa prática; as bases da agroecologia, como produzir alimentos sem veneno; compostagem, queima de ossos e sal mineral;

Introdução
A CPT/Ro se fez presente no VI Fórum Panamazônico, em Cobija na Bolívia, com o intuito de participar das discussões  sobre a Amazônia. O Fórum contou com a presença de representantes dos nove países que compõe a Amazônia Legal e de todos aqueles que veem a questão Amazônica como uma questão de interesse mundial. Ficou a cargo da CPT/RO a realização de uma Oficina, cujo tema: Experências Agroecológicas, a ser executada pelos agricultores que participam do Projeto Terra Sem Males. Projeto este realizado pela CPT, e que serviu como um berço para a Agroecologia, mas essa criança cresceu, esses agricultores produzem e vivem de forma agroecológica e querem passar suas experiências nesse processo afim de disseminar conhecimento, e assim incentivar outras pessoas a conhecerem e viverem a agroecologia.

Relato
A oficina iniciou-se na manhã do dia 29, atraindo um público de aproximadamente 40 pessoas, sendo todos do Brasil, com exceção de uma pessoa da Bolívia. Se fez presente, pessoas do Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso e Pará, o público maior foi de rondônia. Todos e todas se apresentaram e foram recebidos em rítmo de música. A oficina proseguir-se-á com uma troca de experiências, um diálogo entre os participantes, contando com o depoimento dos produtores agroecológicos.
Zé Pinto, em suas palavras enfatizou a visão dos movimentos sociais sobre a agroecologia, devemos ter muito cuidado, pois a agroecologia pode ser falada e defendida até mesmo pelos representantes do capital. A visão dos movimentos é a de fortalecimento da agricultura familiar, e de produção de alimentos acessíveis, e que possam corresponder aos anseios do povo pobre e sofredor, por alimento, e alimento saudável.

O agricultor José Silva (do Projeto Natureza Viva), iniciou sua fala perguntando qual o significado da palavra agroecologia, essa palavra bonita o que diz para nós? Agroecologia quer dizer casa, nossa casa, como estamos cuidando da nossa casa?  Ao começar contar sua trajetória de agricultor disse que, a introdução do veneno após a Revolução Verde, a desvalorização e posterior perca dos costumes e tradições que os nossos antepassados viviam. Sentiu e viveu as transformações desse processo, quando em fim teve a oportunidade de participar de um curso, onde lhe fora apresentado a proposta da agroecologia, e pode visualizar os prejuízos, as consequências desse modelo de produção convencional.
Com essa experiência José Silva, junto de sua Família decidiram dizer não ao modelo convencional, ao agrotóxico, e começou a trabalhar a agroecologia, a se apropriar dos instrumentos, de suas bases para produzir.
Explica a proposta do modelo convencional, e os meios que temos para não tornar necessário seu uso. Temos meios que a própria natureza nos oferece para fertilizar nossos solos, sem nos tornar dependentes das grandes indústrias produtoras de insumos. Um exemplo do que se utiliza são as leguminosas, em especial a mucuna preta, consorciada, ou utilizada no pré-plantio. Quando iniciei o uso da leguminosa, nosso solo precisava de 06 a 07 toneladas de calcário, usando leguminosa, em 04 anos conseguimos zerar essa taxa. As leguminosas são nosso calcário que a gente precisa, são nossas amigas e eu não as abandonos jamais. Eu sou tipo morcego, aonde eu vou levo sementes e procuro também levar sementes pra casa.

Com a participação da plenária uma exposição buscou evidenciar o processo que nos desestruturou, e tornou grande parte dos agricultores dependentes de insumos. Um processo apoiado pela mídia, e que as pessoas se tornaram adeptos pela sensação de facilidade que ele oferecia. Só que as consequências vieram ao mesmo tempo em que esse modelo convencional ganhava espaço a população adoecia.

José Silva ainda acrescenta a importância de terem um grupo local com trabalhos voltados a agroecologia, com um trabalho em especial com o café. Sobre o modo de utilização das leguminosas, elas têm suas especificidades quanto a que cultura vai preceder ou dividir espaço, a qualidade da terra, e a espécie de leguminosas.
Na experiência citada por Roberto monitor da EFA de São Francisco do Guaporé, o trabalho da escola está voltado à produção agroecológica. Sobre as leguminosas explica serem elas aliadas a todos que desejam praticar uma agricultura ecológica e sustentável, por realizar a recuperação do solo, que muitas das vezes já foi atingido por esse convencional e se encontra degradado. Assim como o ser humano que  se tornou um ser químico. Ainda cita a importância da manutenção do equilíbrio natural, existem as receitas naturais, que podem estar sendo utilizadas, mas é importante perceber que a natureza não é nossa inimiga. Nesse momento foram sendo realizadas trocas de receitas e experiências.
Letícia: expõe a necessidade de que as pessoas busquem realizar suas próprias experiências, pois o que é praticado em um determinado lugar pode não se adequar a realidade de outro. As receitas são uma base, mas não é algo imutável, é preciso utilizar aquilo que se tem a disposição.

Américo (agricultor do Projeto Terra Sem Males) reafirma a importância do agricultor se tornar cientista dentro de sua propriedade, a aproximação e observação da natureza, e como isso valoriza o seu trabalho. O agrotóxico, não mata apenas plantas e insetos, mata pessoas, mata a cultura, cria o individualismo, e a descrença no conhecimento popular. “A beleza não está no objeto, mas nos olhos de quem a vê”, as vezes olhamos a natureza, as plantas, como mato, algo insignificante. Quando você se aproxima da agroecologia, passa a ver Deus em todas as coisas, e enxergar através desse olhar diferente a beleza e a utilidade de tudo que há na natureza. Os conhecimentos populares foram desvalorizados e desacreditados, porque não oferecem valor para o sistema capitalista, e o que a ele interessa é o valor financeiro da coisa. Nesse sentido assumiu-se o compromisso de realizar as feiras livres, para oferecer aos consumidores aquilo que tem disponível em suas propriedades. Hoje são 23 famílias envolvidas no processo, que passa por um caixa único e avaliação do grupo. A importância dessa experiência não está necessariamente no ganho financeiro, mas na troca de produtos entre os agricultores, todos têm de tudo para se alimentar, conhecendo de onde vem cada produto. A união de produtores, além de possibilitar a realização da feira, como uma fonte de renda, ainda permitiu agregar valor aos produtos, através do beneficiamento. Outra vantagem foi o envolvimento das famílias no processo produtivo, crianças, mulheres, jovens e adultos participam das feiras.

Na plenária, a exposição da condição da Bolívia, onde há uma produção quase que exclusivamente convencional, com a utilização de químicos. Particularmente entende que a produção orgânica é o melhor para a saúde. Assim tem a intenção de implantar um projeto nesse sentido, apesar das dificuldades, por estarem em uma área extrativista, sem incentivos a produção. Lamenta que não houvesse mais pessoas de outras nacionalidades presentes para conhecer a proposta agroecológica. Apesar da produção orgânica no país ser quase que insignificante, o importante é que estão iniciando, admira a capacidade de utilização da terra de alguns países, em Bolívia não estão tendo esse aproveitamento, e entende que a terra é para produzir.
Lucimar (MST) trás a experiência de recuperação de uma área degradada. Para os camponeses produtores, precisam separar o que é agroecologia e agricultura orgânica, pois esta pode ser realizada em qualquer canto, por qualquer um, já a agroecologia, é um modo de vida, que visa a garantia da sustentabilidade do agricultor e da terra. A agroecologia depende de observação da natureza para compreensão e utilização de acordo com as necessidades, e possibilitando um equilíbrio natural.
A agroecologia tem grande importância também para a conquista da terra, criando uma nova perspectiva para aqueles que estão na busca pela terra. Não temos necessidade de utilizar produtos de mercado, temos como utilizar o que a natureza nos oferece.
Para Zé Pinto, fazer agroecologia depende de amor a terra, a natureza e as outras pessoas, lutaram contra um sistema que torna nossos aliados inimigos, nossa visão frente à natureza precisa ser de aliados, companheiros. Por isso todo o trabalho inicia pela recuperação e busca de equilíbrio do solo.
Dona Fátima (Terra Sem Males – Cacoal), inicia uma apresentação dos trabalhos que vem sendo realizados por sua família e agricultores na região de Cacoal Rondônia, a fim de divulgar o que vem sendo praticado. Apresentou imagens das oficinas realizadas com as famílias.
Houve várias intervenções da plenária como dúvidas com receitas e de como fazer uma compostagem, como fazer queima de ossos...
Os expositores foram respondendo cada dúvida, conforme suas experiências.
Por ultimo, Roberto falou sobre a importância de se alimentar corretamente, usando frutas e verduras. A importância de cada fruta e a forma que elas devem ser comidas. Um exemplo errado de ser comer a fruta é comê-la após as refeições como sobremesas. As frutas devem ser comidas de preferência antes das refeições, assim como as verduras. Não se deve ingerir líquido gelado, nem durante, nem após as refeições, o ideal é ingerir algo quente após as refeições, como o chá por exemplo.
Foi perguntado se o café poderia ser ingerido após as refeições, ele respondeu que sim, por ser quente.
Foi sugerido pela plenária em está formando uma rede de agroecologia, onde eles possam trocar essas experiências e aplicá-las.
Foi feita uma avaliação da oficina onde todos disseram que foi um momento muito rico de experiências e aprendizado, e que essas experiências têm que serem ampliada.
Em clima de alegria e com a oração do Pai Nosso, rezado em circulo, encerrou-se a oficina.

Por: Liliana Won Ancken dos Santos e Maria Petronila Neto

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Abertura do VI Fórum Social Panamazônico em Cobija, Bolívia, marcado pela marcha dos participantes.



VI FÓRUM SOCIAL PANAMAZÔNICO COBIJA, BOLÍVIA - 28 novembro - 1 dezembro 2012



Em 28 de novembro de 2012, inicia-se o VI Fórum Panamazônico com credenciamento e marcha da Ponte da Amizade até o Parque Piñata, onde realizou-se a abertura oficial do evento com musicas e apresentações culturais. Também foi feito um apelo de paz sobre a problemática entre Israel e Palestinos, que tem vitimado muitas pessoas, de forma violenta. Foi manisfesto o apoio aos Palestinos frente a situação.
Estão participando do Fórum pessoas dos nove países que compõem a Amazônia Legal, além de demais interessados. O Estado de Rondônia vem representado por um grande grupo de participantes: CPT ( entre estes agricultores do Projeto Terra Sem Males), também da RECID, do MST, do MAB, CIMI, e do Madeira Viva, além de índigenas, e ribeirinhos.
O Projeto Terra Sem Males vai proporcionar um momento de troca de experiências sobre a agroecologia a ser realizada na manhã do dia 29, com agricultores onde estes estarão expondo suas experiências e perspectivas quanto a agroecologia.



O mundo, cada vez mais injusto, consumista e que a desigualdade é a manifestação de uma crise de civilização vasta (econômica, financeira, cultural e ambiental).Hajam novas formas de produção, consumo do governo, e da convivência entre pessoas, entre pessoas e novas formas de viver com a natureza. Enfrentar esses desafios só será possível com a unidade das forças sociais que buscam práticas e mudança estrutural em direção a uma nova maneira de viver.
A humanidade virou o olhar para a Amazônia a reconhecer o seu papel na vida do planeta. Além de uma biodiversidade monumental, sua capacidade de capturar carbono e sua contribuição para o ciclo da água, também abrange uma rica cultura de comunidades indígenas e camponesas. Mas a Amazon também atrai o capital especulativo e extrativistas visto como recurso inesgotável.
A Amazônia é uma fase da vida de seus povos em harmonia com a natureza e uma rica herança cultural, mas também um palco de apresentação do seu povo e da violação dos seus direitos. Com o poder das aldeias da Amazônia também será um cenário de resposta.
"Para a unidade dos povos da Amazônia para transformar o mundo"


Abertura do panamazônico.
O sexto Social Pan-Amazônico Fórum será dividido em quatro temas:

1. Colonialismo e neo-desenvolvimentismo extrativismo
2. Impacto da crise global sobre a Pan-Amazônia: caminhos e alternativas
3. Defesa e cheio exercício dos direitos na Pan-Amazônia
4. Arte, cultura, educação, comunicação social e luta no Pan-Amazônia.

TEMA I: colonialismo, neo-extrativismo e desenvolvimentismo
MESAS TEMATICAS:
Modelos de desenvolvimento e capitalismo verde no Pan
Megaprojetos e seus impactos sobre a vida dos povos da Pan
As alterações climáticas e a exploração da biodiversidade no Pan
Relação geopolítica nas regiões de fronteira no Pan

TEMA II: IMPACTOS DA CRISE GLOBAL EM Pan-a: ESTRADAS E ALTERNATIVAS
MESAS TEMATICAS
Multiculturalismo e Viver Bem
Integração e desintegração no Pan
Lutas anticapitalistas e de justiça social e ambiental
De Ciência e Tecnologia comunidades indígenas e tradicionais

TEMA III: Defesa e pleno exercício dos direitos EM Panamazônia
MESAS TEMATICAS
Formas de resistência e criminalização das lutas sociais
Fortalecimento e ampliação dos direitos humanos e da natureza no Pan
Lutar por autonomia, território e auto-determinação
O direito à cidade no Pan

TEMA IV: arte, luta cultura, comunicação, educação e social no Pan
MESAS TEMATICAS
Diversidade e Identidade Cultural na Pan-
As crianças e os jovens como agentes de uma nova sociedade
Educação Popular
Comunicação democrática e popular

OBS: maiores informações no blog :www.vifspaamazonico.blogspot.com

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Agricultores de Rondônia no Fórum Social Panamazônico de Cobija


Criação de minhocas para adubação natural da terra, da família de Hilário e  Madalena, Foto do Projeto Terra sem Males.

Grupo de quinze participantes, agricultores do projeto Terra Sem Males e membros da comissão Pastoral da Terra de Rondônia viajam hoje (27) em Cobija, Bolivia, do Fórum Social Panamazônico, que começa amanhã dia 28, e continua 29, 30 de Novembro e 01 de dezembro. 
Eles tem organizado uma Oficina para uma Troca de Experiências em Agroecologia, convidando outros agricultores participantes um intercambio de sementes e de experiências nesta linha: Veja os convites em portugués e espanhol abaixo.

(convite em portugués)
PROJETO TERRA SEM MALES
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA DE RONDÔNIA, BRASIL
OFICINA DE TROCA DE EXPERIÊNCIAS CAMPONESAS EM AGROECOLOGIA

Convidamos a participar duma oficina de agroecologia, proporcionando o intercâmbio de experiências e práticas entre agricultores, camponeses e comunidades tradicionais.

Objetivos Específicos:
Valorizar e divulgar as experiências e práticas de agroecologia existentes; Fortalecer a agricultura familiar;
Incentivar a produção agrícola sem uso de agrotóxico;

Descrição:
Haverá testemunho de agricultores sobre suas experiências (que deram certos ou não). Organizada por agricultores de Rondônia que já trabalham nesta área agroecológica há mais de dez anos, através do Projeto Terra Sem Males, buscam estender suas experiências e práticas às outras famílias agricultoras, camponeses e comunidades tradicionais que têm interesse por esta prática. Tendo como base os princípios da agroecologia e agricultura familiar que é a terra como local de trabalho e vida e não um fator de produção. As experiências vão sendo trocadas à medida que vai se aplicando na prática, como o modo de fazer a compostagem, a queima de ossos para o sal mineral, fertilizante natural, etc.

-Experiências de agroecologia que deram certo (ou não) e testemunho de agricultores familiares que já vem desenvolvendo essa prática;
-As bases da agroecologia, como produzir alimentos sem veneno;
-Compostagem, queima de ossos e sal mineral caseiro;
-As principais conseqüências do uso do agrotóxico;
-A crise ambiental planetária e a agricultura no Bioma Amazônico;

PARTICIPE E CONTE SUAS EXPERIÊNCIAS TAMBÉM!

 (invitación en español)
PROJETO TERRA SEM MALES
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA DE RONDÔNIA, BRASIL
INTERCAMBIO DE EXPERIENCIAS  CAMPESINAS DE AGROECOLOGIA

Les invitamos a asistir a un taller sobre agroecología, con intercambio de experiencias y prácticas entre agricultores, campesinos y comunidades tradicionales.

Objetivos específicos:
Promover y difundir las experiencias y prácticas existentes de agroecología; Fortalecer la agricultura familiar;
Estimular la producción agrícola sin el uso de plaguicidas i venenos;

Descripción:
Habrá testimonios de agricultores acerca de sus experiencias (exitosas o no). Organizado por agricultores de Rondônia que ya están trabajando en esta área de la agricultura ecológica por más de diez años, a través del Proyecto Tierra sin Males, tratando de ampliar sus experiencias y prácticas junto con otras familias de agricultores, campesinos y comunidades que tienen interés en estas prácticas. Siguiendo los principios de la agroecología y la agricultura familiar, que tiene la tierra como un lugar de trabajo y de vida y no apenas como un factor de producción. Las experiencias se intercambian, por ejemplo, sobre la manera de hacer compostajes, de quema de huesos de sal mineral para el ganado, fertilizante natural, etc.

-Las experiencias de agroecología que funcionaron (o no) y los testimonios de las familias de agricultores que han estado desarrollando esta práctica;
-Las bases de la agroecología, como producir alimentos sin veneno;
-El compostaje, incineración de huesos y sal mineral casero;
-Las principales consecuencias del uso de plaguicidas;
-La crisis ambiental planetaria y agricultura en el Bioma Amazónico;

VENGA Y CUENTE TAMBIÉN SUS EXPERIENCIAS!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Consumo consciente de alimentos


Mostra de alimentos orgânicos produzidos pelas famílias do Projeto Terra sem Males.

A organização de desenvolvimento Oxfam reúne recomendações práticas em cinco tópicos de atuação para que o consumidor possa ajudar a promover a sustentabilidade no campo e na mesa da cozinha. Entre eles o apoio ao pequeno produtor, como comprar do comercio justo e da economia solidária, comprar alimentos na feira ecológica, e valorizar quem produz.
Não é fácil ser consumidor em tempos de sustentabilidade. São muitas as implicações de cada escolha e as alternativas nem sempre são evidentes. No terreno da alimentação, o elo do consumo se entende para impactos ambientais, comércio justo, inclusão social, saúde. Mas todo esse mosaico de relações está um pouco mais claro e prático neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, quando a Oxfam lança no Brasil o Desafio Cresça, parte da campanha internacional de mesmo nome.
Na página da campanha no Facebook (facebook.com/CampanhaCresca) o público encontrará o aplicativo do desafio que oferece diversas sugestões de medidas práticas, bem como receitas, informações sobre alimentos da terra e da estação, entre outros conteúdos permanentemente atualizados.

domingo, 14 de outubro de 2012

Proclamados os Prêmios Natureza Viva de agroecologia


Os alunos premidos pelo Natureza Viva do Vale do Guaporé. Foto cpt ro 
Dando continuidade ao Projeto Natureza Viva do Vale do Guaporé, neste sábado dia 13 de Outubro, foram proclamados os doze vencedores do Prêmio Natureza Viva. Os prêmios foram proclamados durante a Assembleia da Associação da EFAVALE, com presença de pais alunos e quadro técnico da escola.
O prêmio Natureza Viva foi criado pela CPT RO com apoio da Conferência Episcopal Italiana (CEI) e pretende incentivar a permanência da juventude no campo. Os prêmios foram convocados para os alunos da Escola Família Agrícola do vale do Guaporé (ECOVALE), e serão beneficiadas onze famílias dos alunos que estudam terceiro e quarto ano na escola. 
Os participantes, procedentes dos municípios de São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé e Costa Marques,  apresentaram doze projetos em linha agroecológica, que os Prêmios Natureza Viva ajudaram a levar na prática, ajudando na compra do material necessário, por valor de até R$ 2.500 por aluno premiado. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Camponeses realizam oficina de agroecologia



Agricultores realizam aprendizagem prática de compostagem. Foto cpt ro

A oficina de agroecologia. Arredor de 45 pequenos agricultores de Rondônia, se reuniram em Ouro Preto do Oeste os dias 02, 03 e 04 de outubro de 2012 convocados pela CPT RO para realizar uma Oficina de Agroecologia do Projeto Terra Sem Males. O curso teve a assessoria de diversos técnicos e também de diversos agricultores que trabalham na linha agroecológica faz anos
Esta oficina e as famílias do Projeto Terra Sem Males tem contado com financiamento da CAFOD, entidade da Igreja Católica inglesa, para mais de sete anos assistência técnica em linha agroecológica. Está previsto o encerramento do projeto para os próximos meses. As famílias continuam desenvolvendo o seu trabalho em linha agroecológica recebendo o apoio de diversas entidades, como o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), do Projeto Padre Ezequiel, da Diocese de Ji Paraná, que desde o começo formou parte do Terra sem Males, e de novos projetos surgidos por inspiração dele, como o Natureza Viva do Vale do Guaporé, e o Projeto PROASA, da Igreja Luterana no Brasil.
Entre os objetivos da oficina, que se realizou no espaço paroquial da Igreja Nossa Senhora Aparecida de Ouro Preto do Oeste, estava orientar a CPT RO para a continuidade do trabalho em linha agroecológica.





Participantes da oficina de agroecologia em Ouro Preto do Oeste RO. Foto cpt 
Participantes
Dentre os 45 participantes, com 18 mulheres e 8 jovens, procedentes da região de Vilhena e Chupinguaia, do Vale do Anari, da Vila do Rio Pardo, da região de Porto Velho, como o assentamento Joana D’ Arc, e PAF Curuqueté e do assentamento Flor do Amazonas, em Candeias do Jamari, e onde conseguiram o empréstimo duma van pelo território do MDA.
Mais tarde os experientes técnicos da CEPLAC Francisco Antônio Nerto e João da Cruz e Jurandy Mesquita da EMATER, e outros agricultores experientes como José Silva, do Projeto Natureza Viva de São Miguel, e o agricultor de Teixerópolis, Enrique que repassou a sua grande experiência e conhecimento na aplicação da homeopatia para a saúde das pessoas, prantas, animais e solo do campo.
Muito importante foi o testemunho e orientação de dois representantes das famílias do Projeto Terra Sem Males: Américo e Márcio de Mirante da Serra. Também do agricultor José Silva, de São Miguel do Guaporé, do projeto Natureza Viva.
Assim como diversos agentes da CPT, entre eles coordenando do encontro, Zé Pinto, artista reconhecido com diversos CDs publicados, e também agricultor na linha agroecológica.



Fogo, seca e terra degradada foram alguns dos problemas
destacados da agricultura de Rondônia. Foto cpt ro 


Os problemas dos agricultores para a sobrevivência na terra.

O evento valorizou o intercâmbio de experiência dos agricultores presentes, interessados em conhecer a agroecologia, tanto na realização de novas práticas agroecológicas, como na detecção dos problemas atuais que atingem os agricultores de Rondônia.

Foi realizado um levantamento dos problemas, tanto no quadro jurídico e político, como na organização interna camponesa, na produção e nos procedimentos após a colheita. Dentre os problemas apresentados, foram selecionadas as seguentes prioridades para atuação da CPT RO na missão de apoiar a sobrevivência na terra:


Principais problemas onde agir: 
1 - Falso modelo desenvolvimento, provocando a divisão e enfraquecimento das organizações camponesas.
2 - Uso de veneno.

3 - Seca e escassez de água.

4 - Dificuldade da educação no campo e perda da cultura própria (músicas, festas, etc.)
5 - Redução florestas, derrubadas, destruição de lavouras pelo fogo e queimadas.
6 - Acidez e degradação da terra.
7 - Incidência de pragas (plantas e insetos).
8 - Dificuldades de comercialização, transporte, qualidade produtos.
9 - Dificuldades para receber orientação técnica em linha agroecológica. 






Fica surpreendente em plena Amazônia os agricultores citar problemas com a seca e escassez de água como um dos seus principais problemas, além de outros mais conhecidos, como a degradação da terra, a destruição de lavouras pelo fogo., e o uso de veneno (agrotóxicos) com as prantas como os animais




Um velho lema que continua sendo atual. foto cpt ro

As místicas

Com presença ecumênica de camponeses católicos e evangélicos de diversas denominações (assembléia de Deus e batista), as místicas tiveram como inspiração bíblica a leitura do Êxodo, com o chamado de Javé a Moisés para tirar o povo da escravidão, Também o mito indígena da Terra sem Males serviu de inspiração pra a oficina,  assim como o evangelho das bem-aventuranças, para o dia 04 de outubro, festa de São Francisco, padroeiro da ecologia. Também não faltou a animação das sempre inspiradores e comprometidas músicas de Zé Pinto, assim como do presbítero evangélico Paulo Rocha, de Vilhena.




José Silva, agricultor de São Miguel do Guaporé,

apresentando sua experiência em linha agroecológica. foto cpt ro
Testemunho de camponeses.
Importante foi o testemunho prático dos agricultores familiares que já faz mais anos que trabalham em linha agroecológica, como José Silva, de São Miguel do Guaporé, Alexsandro, conselheiro da CPT RO e membro do Projeto Mapinguari, do Vale do Paraíso,  e Américo Onofre da Costa e Márcio Ferreira de Araújo, de Mirante da Serra, repassaram a experiência própria na aplicação dos princípios da agroecologia nas suas propriedades, os avanços, dificuldades e resultados obtidos na próprias famílias.

Hoje eles não somente trabalham na sua propriedade, mas tem se convertido em divulgadores da agroecologia, até junto as comunidades quilombolas e indígenas, como no caso do Zé Silva. E posteriormente continuaram participando do encontro e oferecendo sua experiência.

Nos desculpando por não ter anotações dos relatos dos outros companheiros, recolhemos para a memória, o testemunho do Márcio, agricultor do Terra Sem Males de Mirante da Serra.



Experiência no Assentamento Padre Ezequiel.

Assim Márcio relatou a experiência da luta para criar o Assentamento Padre Ezequiel Ramin, de 200 famílias, onde após dura luta para conseguir a terra, decidiram deixar a reserva do assentamento em bloco de 3.500 hectares de floresta. Que hoje sofre com problema de invasão de pesca, caça furtiva e madeireiros. 
No sítio dele, como muitos, investiu inicialmente em lavouras de café e cacau, com ampliação e diversificação. Não faz muito foi dos iniciadores da feira agroecológica em Mirante da Serra, com 22 famílias do município ligadas ao assentamento, ao MPA e outros do município. Vendem os produtos até 20% mais barato com caixa único. 
No assentamento predomina a cultura de gado por culpa dos financiamentos, que forçaram esta linha de crédito. Tem bastante uso de veneno e de adubos químicos. O desmatamento já provocou este ano o secamento do principal rio do assentamento, ainda mais prejudicado com a construção de tanques para criação de peixes, com máquinas recebidas do próprio governo..
A falecida irmã Maristela começou com a CPT o trabalho de agroecologia e sem veneno. Ele foi convidado para o Projeto Terra Sem Males. Assim ele foi diversificando com produção de café, cacau, feira, porco, galinhas. Faz pouco conseguiu começas a venda de sementes florestais da propriedade (bandarra, emburana,...), mudas de pupunha. Hoje ainda conserva 60% de mata nativa. 
"Continuam os desafios, porém ninguém consegue resolver os problemas sozinhos. O trabalho coletivo acaba nos fortalecendo, diante do sistema muito maior".
Um dos participantes do Assentamento Joana d' Arc relatou uma experiência para preparação de ração para peixe, que deixou muitos participantes mais interessados em conhecer.
Preservação de sementes crioulas. Foto projeto terra sem males
Os Princípios da Agroecologia.
O técnico da CEPLAC de Ouro Preto do Oeste Francisco Antônio Neto repassou os princípios da "Agroecologia e Agricultura Familiar no Brasil: desafios para a pesquisa", a partir do trabalho da pesquisadora Maristela Simões do Carmo. Para a agroecologia a Terra é local de trabalho e vida (e não um fator de produção), a terra é nosso lar. Para isso é preciso entender o funcionamento dos ecossistemas naturais, e revalorizamos os conhecimentos e capacidades dos agricultores, que são os únicos que podem  criar os modernos sistemas agrários sustentáveis. A Agricultura Familiar é o local ideal para estas transformações agroecológicas. Com área total apenas de 24,3%, a agricultura familiar ocupa 4.367.902 estabelecimentos agrícolas do Brasil, um total de 84,4% das propriedades, dando trabalho a 12,3 milhões de pessoas (74,4 % da ocupação agrícola), segundo o censo do IBGE de 2006. E produz o 38% do valor bruto da produção. Porém produz quase o dobro por hectare e a  maior parte de alimentos (como a mandioca e o feijão, carne de porco, de aves e de leite) consumidos no Brasil gera vendas no Brasil por valor de R$677 por hectare de terra, 89% superior aos R$358/ha da Agricultura não Familiar.



O técnico das CEPLAC Francisco Antônio Neto

mostrando a preparação da compostagem. foto cpt ro
Experiência prática de compostagem para adubo orgânico.

Neto preparou todo material e mostrou também na prática como realizar compostagem para formação de adubo orgânico, sendo construído entre todos uma compostagem no próprio local. Posteriormente ele continuou acompanhando toda a oficina, oferecendo a sua grande experiência e conhecimento.



Os impactos dos agrotóxicos.

Já o Dr. João das Cruz Silva impactou os presentes com a palestra sobre os "Impactos dos agrotóxicos na agricultura, no meio ambiente e na Saúde Humana". Assim ele relatou o processo histórico de uso de venenos, a partir do aproveitamento na agricultura dos estoques sobrantes de armas químicas utilizadas na guerra mundial. O resultado é que após vinte anos de comer alimentos com pequenas doses de veneno, 20%o da população que como o tipo de comida ocidental passa a morrer de câncer  derrame, diabete ou infarto provocado pelos tóxicos que contém  a própria alimentação.

Após detalhar os tipos de veneno, os seus efeitos na administração em pequenas doses todo dia, chegou aos seguintes advertências para os presentes:



  • 1 - Você vai ter que mudar mesmo, parando de comer esta comida envenenada.
  • 2 - Fazer exame da barriga, onde desenvolvem 80% dos cânceres.
  • 3 - Acrescentar alimentação antioxidante na dieta.


Como exemplo destes antioxidantes repassou a receita de preparação do shoyu caseiro, ou molho de feijão da Xina:  Utilizando óleo de soja verdadeiro (escuro) e não o comercializado habitualmente, que contem como solvente químico o perigoso Hexano. É principalmente por cause dele nos óleos que as frituras são prejudiciais para a saúde. Citando um conhecido livro médico de sucesso, recomendou "não acordar o câncer que dorme em você". Para isso os antioxidantes, como o mastruz, a taioba, a capeba e outros têm um poderoso efeito.

O Dr. João da Cruz, da Ceplac de Jaru,

ministrando palestra sobre os agrotóxicos. Foto cpt ro
Nesta visão sobre os alimentos comercializados, com usos diário de pequenas doses de agrotóxicos e conservantes, os supermercados passam a ser a maior fonte de venenos para o pessoal da cidade. Assim o pessoal da cidade, que depende dos alimentos comercializados, não tem como fugir da morte.

Enquanto que a maioria dos milhares dos atendidos do hospital do câncer de Barretos são procedentes de Rondônia, ainda agricultores do interior. Não somente por causa de não usar alimentação própria, como pela aplicação intensiva dos agrotóxicos.

Entre outros alimentos prejudiciais citou o açúcar branco, que contém dióxido de enxofre, utilizado para embranquecimento do mesmo, provocando diabete e câncer no fígado. A carne tratada com sulfato de amônia, que está comprovado que provoca câncer de barriga, e que continua sendo usado apesar de proibido.

Contra estas práticas, João da Cruz citou a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos, que está sendo desenvolvida no Brasil inteiro, com um baixo assinado para que sejam proibidos pela lei os venenos mais tóxicos, que já foram proibidos na Europa e nos Estados Unidos e que continuam sendo autorizados no Brasil.

E animou a utilizar técnicas agroecológicas e alternativas de culturas que dispensam o uso de agrotóxicos, como o cacau agroecológico desenvolvido pela CEPLAC.
Prática de queima de ossos para suplementação de fósforo no gado. Foto cpt ro
Prática de queima de ossos.

Na parte da tarde foi realizada uma experiência prática de queima de ossos para elaboração de sais minerais para o gado. Os ossos antigos e ressecos de gado são amontoados e cobertos de palha de arroz como combustão, com um sistema de cheminé para a fumaça e que o fogo queime lentamente, sem chamas, porém sem apagar. Os ossos devem ficar queimando por horas, até ficar de cor cinzenta clara. As cinzas resultantes podem ser trituradas e utilizadas para acrescentar ao sal mineral preparado em casa. Com este tratamento o gado fica muito mais forte e tem resultados imediatos contra pragas como os carrapatos.

Tal vez por pressão dos vendedores de suplementos minerais comercializados para gado, alguns agricultores de Rondônia recentemente tiveram dificuldades com agentes do MAPA por esta prática, que tem suporte até em pesquisa oficial. Segundo a Embrapa, "A deficiência de fósforo (P) é generalizada no Brasil  e como esse é um componente caro da mistura mineral, há esforços freqüentes para buscar formas eficientes de suplementar fósforo". "Os fosfatos de cálcio naturais incluem as farinhas de ossos calcinadas e autoclavadas e os fosfatos de rocha (...) As farinhas de ossos são obtidas pelo tratamento de ossos (in natura ou parcialmente processados) pelo calor, desidratação e moagem. A calcinação é a queima completa dos ossos a 800ºC a 1.000ºC. A farinha de ossos autoclavada pode ser obtida por meio de esterilização por cocção a vapor sob pressão, e contém cerca de 7% de matéria orgânica. Entretanto, a utilização de farinha de osso autoclavada, como suplemento alimentar, encontra-se proibida por razões de saúde pública. 
Qual a diferença entre a farinha de ossos autoclavados e a farinha de ossos calcinados? Também segundo a Embrapa "a farinha de ossos autoclavados é obtida pelo cozimento dos ossos em vapor sob pressão, secada e triturada; a farinha de ossos calcinados é obtida pela queima e moagem dos ossos. Qualquer uma pode ser usada como suplemento de cálcio ou fósforo Em conseqüência do método de preparo, a farinha autoclavada tem também matéria proteica e gordurosa em sua composição, o que requer que seja bem seca e bem armazenada, para não mofar ou rancificar. Já a farinha calcinada não contém substâncias orgânicas e, portanto, é mais difícil de rancificar ou estragar no armazenamento".

O calendário lunar.



Capa do calendário lunar de 2012, do Instituto Biodinâmico de Botucatu, SP.
O técnico em agroecologia da Emater de Ji Paraná, Jurandy Batista de Mesquita foi um dos idealizadores do Projeto Terra sem Males e é grande colaborador da CPT RO fez a apresentação do Calendário Lunar. Este calendário recolhe a antiga tradição da influência dos astros, especialmente da lua, na agricultura. Por este motivo resulta importante para o camponês o "cultivo das plantas mediante o entendimento prévio dos impulsos lunares" , é dizer, a influência do conjunto de constelações diante das quais a Lua e todos os planetas desenvolvem suas órbitas. Assim a lua e os planetas ao desenvolver suas órbitas e passarem pelas constelações, ativam forças que  tem efeitos na terra e nas plantas. Estes conhecimentos não são de agora, porém eram tidos com pouco respeito. 
Em cambio hoje tem provocado o ressurgimento duma "astronomia agrícola", que entendendo a influência dos astros, está mudando o trabalho dos agricultores. 
Assim Jurandy explicou diversos conceitos básicos da astronomia agrícola, para entender as mudanças da lua e dos astros. E também para poder interpretar o calendário lunar, que o Instituto Biodinâmico de Botucatu (SP) publica todo ano com orientações práticas basadas nestes princípios, dando informação dia a dia sobre os momentos mais favoráveis para os trabalhos agrícolas, como o plantio de diversos tipos de vegetais e controle de pragas e doenças, tudo baseado nas influências dos astros.  Jurandy mostrou como exemplo as aplicações para o calendário lunar destes últimos meses de 2012. 

Henrique José de Oliveira repassando conhecimentos e experiência em homeopatia. Foto cp tor
A aplicação da homeopatia no campo.

Finalmente coube a um experiente agricultor e pesquisador, Henrique José de Oliveira, de Teixerópolis, a apresentação das aplicações da homeopatia para a agricultura e criação de animais. Baseou as explicações na experiência e repassou por escrito uma apostila do Grupo de Homeopatia na Agricultura Alternativa UEM,produzida pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor de Maringá PR.

Após umas noções básicas de homeopatia para os leigos no assunto, passou a explicar as aplicações na agricultura, que estão permitidas e reconhecidas legalmente na normativa de produção orgânica do Brasil. A homeopatia pode tratar da saúde humana e de todas as formas de vida. Assim trata-se com homeopatia a saúde dos animais, das prantas e do solo. Para a homeopatia, as doenças são resultado de desequilíbrios naturais, que podem ser tratados com doses mínimas de remédios. Os remédios homeopáticos podem ter como origem produtos animais, vegetais e minerais. Assim "na agricultura é comum, e com resultados excelentes, a aplicação de preparados homeopáticos feitos com o próprio agente causador do desequilíbrio".

Assim a conversa por mais de duas horas virou um intercâmbio constante de experiências práticas na preparação de remédios, e na aplicação dos mesmos, muitas vezes com intenções preventivas, como o preparo do solo para plantações. Inúmeras preguntas dos participantes, onde cada um colocava também sua experiência pessoal, converteu o final da oficina numa interessante troca coletiva de experiências e de conhecimentos.



Avaliação final.

Que bom. Foi destacada como positiva o fecundo intercâmbio de conhecimentos e experiências, algumas fantásticas  assim como o conhecimentos de novas pessoas, com boa integração do grupo, e ótimos palestrantes. Foi valorizada a participação dos agricultores mais experientes, como o Américo, o Márcio e  José Silva e o Alexsandro. Também foi bem valorizada a participação de técnicos governais da CEPLAC e a EMATER, puxando a participação governamental na agroecologia. Destacaram também as aulas práticas de compostagem, fabricação de sais minerais com ossos, e aplicação do calendário lunar, assim como a corajosa "propaganda negativa" dos produtos nocivos à saúde.

Que pena. Faltou a organização duma noite cultural, visitar alguma propriedade em linha agroecológica, também faltou tempo para aprofundar. Lástima que muitos não sabiam para trazer sementes, e que somente apareceu uma rapadura de produção agroecológica, sendo que a alimentação do encontro era totalmente convencional, com os problemas de venenos. Houve pouca participação das famílias do Projeto Terra Sem Males.

Que tal. Nos próximos encontros procurar a participação e testemunho do Coletivo do 14 de Agosto, e do Projeto Pe Ezequiel. Realizar encontros regionais nas comunidades, com mais participantes de cada lugar e menos despesa, com alimento agroecológico produzido por nós mesmos e cozinhado com fogão a lenha. Também surgiu a proposta de pelo menos uma vez por ano fazer um encontrão de agroecologia, como este; Procurar mais o governo participar e se envolver com estes encontros, indo atrás de técnicos para participar



Semente da árvore "pinga d' água"

que molha embaixo dela na época da seca. foto cpt ro
Troca de sementes

Finalmente houve uma troca de sementes crioulas, entre as que uns e outros tinham trazido, destacando as semente da árvore "pinga d' água", que fica pingando água embaixo dela na época da seca. O Zé Silva contou que fazia seis anos que tentava conseguir e finalmente achou com ajuda dos indígenas tupari da Área Indígena do Rio Branco.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ministério interdita propriedade agroecológica de Alta Floresta RO




“Produzir com base na agroecologia virou uma atividade criminosa”, denuncia Valdeci Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alta Floresta e integrante da direção estadual do MPA de Rondônia, ao questionar as perseguições que a agricultura camponesa vem sofrendo pelo MAPA (Ministério de Agricultura e Agropecuária) e as agências de defesa sanitária estaduais (IDARON em Rondônia).N a última sexta-feira (14/09), foi a vez da propriedade de Valdeci Ribeiro ser acionada. O camponês, que produz alimentos com base na transição à agroecologia, teve a sua propriedade interditada por técnicos do MAPA e da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON), e amostras de sal marinho, produzido artesanalmente por sua família para alimentar o gado, foram recolhidas para análise. As amostras seriam testadas e analisadas em laboratórios, para garantir a qualidade da carne do gado e do leite, e não “prejudicar a saúde dos consumidores”. Além do recolhimento das amostras, Valdeci ficou impedido de comercializar leite e a carne do gado. E ainda foi avisado: os animais poderão ser sacrificados, caso o resultado dos testes não cumpra com as normas da legislação sanitária.

A primeira ação semelhante, ocorrida em maio desse ano (29), apreendeu produtos do Mercado Popular de Alimentos do município de São Gabriel da Palha-ES e impediu que fossem comercializados pelos pequenos agricultores, com a alegação de não cumprirem com as exigências legais e causarem “riscos à saúde dos consumidores”. Logo depois várias intervenções da vigilância sanitária, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) e policia civil foram realizadas em pequenos comércios e açougues da região, gerando uma situação de vulnerabilidade e insegurança nos pequenos açougueiros e pequenos comerciantes.

Sal Marinho - uma produção camponesa
O sal mineral apreendido durante a ação do MAPA e IDARON, é resultado de cursos sobre agroecologia realizados em todo país e reconhecidos internacionalmente por várias organizações camponesas e estudiosos do tema. Valdeci participou da formação e passou a produzir o sal mineral e a utilizá-lo na alimentação do gado.





Para o camponês, o sal marinho, produzido de forma alternativa, não representa nenhum perigo à saúde humana, pois sua produção é feita a partir de estudos de resgate dos conhecimentos tradicionais, construídos historicamente pelas comunidades rurais. O resultado é um produto que garante qualidade à produção da carne bovina, pois supre as carências de alguns minerais e combate doenças causadas no gado, como carrapatos.

“Se a gente usasse hormônios e agrotóxicos no gado, nada disso estaria acontecendo. Mas essa é uma escolha política, uma postura ética do movimento, é o nosso compromisso com a produção de alimentos saudáveis, com o respeito ao meio ambiente e a cultura do nosso povo”, questionou o Valdeci.


Agronegócio X Agricultura Camponesa
Segundo Valdeci, o que está por trás do falso discurso jurídico e científico de garantir qualidade sanitárias aos alimentos, é a garantia do lucro exorbitante das grandes empresas transnacionais, que ganham milhões com o modelo químico de produção vigente. “Isso tudo se dá às custas da saúde da população. Ao mesmo tempo em que essas empresas produzem as doenças advindas desse modelo, também produzem o remédio. É um negócio muito lucrativo”, denunciou.

É o que acontece, de acordo com o camponês, com o modelo de agricultura desenvolvido pelo agronegócio. Ao se utilizar livremente de hormônios e pesticidas nos seus gados, agrotóxicos e outros produtos químicos nas suas plantações, o agronegócio cria um sistema “altamente perigoso à saúde humana, com a lei e o estado assegurando e financiando sua atividade”, questionou Valdeci.

“Reivindicamos uma legislação realmente comprometida com a saúde da população, que seja adaptada à realidade da pequena produção da agricultura camponesa e à produção agroecológica, para que possamos continuar produzindo alimentos saudáveis, com base em métodos naturais, sem uso de venenos e químicas, com respeito ao meio ambiente e à nossa cultura”, pontuou.

Resistência camponesa
Ao final da inspeção, os técnicos pediram para que Valdeci assinasse documentos autorizando a ação do MAPA. Numa ação de resistência, ele se negou. Na segunda-feira (17), os técnicos voltaram à propriedade na companhia de policiais militares para que o camponês se sentisse intimidado e assim aceitasse assinar os documentos. Valdeci se manteve contrário e não assinou.

“Continuaremos resistindo, em nome de cada camponês e camponesa que trabalha arduamente para manter viva a agroecologia e a agricultura camponesa. Nós, enquanto MPA, pedimos a solidariedade à toda classe trabalhadora, do campo e da cidade, para que possamos vencer essa batalha contra essa legislação à serviço dos interesses das transnacionais e insensível à nossa realidade”, conclamou.

Nota de repúdio do MPA
O Movimento dos Pequenos Agricultores vem a público manifestar seu repúdio às ações do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA sobre a produção e comercialização de produtos agro ecológicos. Na semana passada o MAPA interditou a propriedade de Valdeci Ribeiro, em Alta Floresta –RO, por este estar utilizando sal mineral caseiro, alegando risco a saúde. No mês de maio, o ministério havia apreendido produtos oriundos da agricultura camponesa do mercado popular de alimentos em São Gabriel da Palha – ES, prejudicando a renda das famílias que comercializavam seus produtos no local.
O MPA já protocolou nota de repúdio exigindo o imediato desinterdito da propriedade em questão junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, ao Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento e hoje a tarde o documento será entregue ao Ministro da Secretaria Geral da República, Gilberto Carvalho.

"Não aceitamos o clima de medo que o MAPA tenta impor na região, a menos de um mês do lançamento da Política Nacional de Agroecologia e Orgânicos a atuação do MAPA é de punição a agroecologia, o que é causa de revolta entre o movimento camponês", questinou Valter Pomar, da coordenação nacional do MPA.

Abaixo segue o texto da nota de repúdio:
NOTA DE REPÚDIO À AÇÃO DO MAPA

Ministério da agricultura reprime agricultor ecologista
A menos de um mês do lançamento do Programa Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) pela presidenta da República, Dilma Roussef, realizado nos mesmos dias em que aconteceu o Encontro Unitário dos Povos do Campo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) demonstra que continua refém das grandes indústrias agroquímicas ao realizar vários atos de repressão às produções agroecológicas do campesinato brasileiro, vide o ocorrido ao agricultor rondonense, membro da direção estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA-RO), pelo simples fato de que o mesmo utiliza técnicas e insumos agroecológicos em sua propriedade, no município de Alta Floresta do Oeste – RO.

Fiscais do MAPA e da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON) com forte aparato policial invadiram e interditaram a propriedade do agricultor no dia 14 de setembro, num claro ato ditatorial e repressivo, à serviço da indústria química preocupada com a diminuição na venda de agrotóxicos e outros insumos químicos naquela região, temendo que o exemplo da família de Valdeci fosse seguido por outros agricultores.

Este fato junto com a repressão ao Mercado Popular de Alimentos (ES) e milhares de outros casos que o Brasil conhece, mas que a imprensa não divulga, reforçam no MPA a convicção de que o MAPA continua sendo um antro cujos métodos são os mesmos do tempo da ditadura militar.

Acreditamos que sejam ações desaprovadas pelo ministro e pelo governo, mas recorrentes pelo interior do Brasil. O Ministério da Agricultura continua sendo um aparelho de repressão aos camponeses brasileiros e de proteção à indústria química, com um modelo de produção que esta envenenando os alimentos no Brasil e causando gravíssimos problemas de saúde à população.

O MPA exige que o decreto da PNAPO seja respeitado, que a interdição da propriedade seja imediatamente suspensa e que o governo promova uma ampla e geral reforma do Ministério da Agricultura para que fatos como esse não voltem a se repetir. O MPA informa ao governo que os camponeses não vão se intimidar e estão dispostos e mobilizados para responder à altura dos métodos repressivos utilizados pelo MAPA.

Brasília, 21 de setembro de 2012.
Direção Nacional Movimento dos Pequenos Agricultores